Nossos Cronistas

24/06/2024

Dentro deste mês de Aniversário, vamos conhecer um pouco mais, sobre os nossos Cronistas Finalistas. Quem são, onde atuam e o que fazem. Todos receberam perguntas idênticas e vamos publicando um a cada dia. Hoje vamos falar com a Cristina Possamai, única mulher a participar do torneio e emplacou sua crônica sobre o Futebol Feminino.

SC - De onde surgiu a inspiração para escrever a crônica?

Cristina: Eu acompanho e gosto de praticar futebol desde a infância, em uma época de pouca visibilidade para o futebol feminino. Essa situação está mudando felizmente e ajudando a quebrar alguns tabus até mesmo com a confirmação da realização da próxima Copa do Mundo Feminina no Brasil, em 2027. Desta maneira, eu optei por aproveitar o centenário no futebol em Santa Catarina e traçar um paralelo com a evolução da modalidade feminina em âmbito nacional e local.

SC - Qual mensagem você esperava transmitir com sua crônica?

Cristina: Temos muitos clubes fortes em Santa Catarina e um cenário de futebol feminino em crescimento, gostaria de destacar isso e a possibilidade de acompanhar jogos de base e profissionais de forma gratuita no Youtube da Federação Catarinense. Então, eu tentei jogar luz sobre esse presente tão promissor, mas sem esquecer um passado conturbado em que a modalidade foi proibida para meninas e mulheres brasileiras.

SC - Qual a sua relação com o futebol catarinense?

Cristina - Eu nasci e cresci na cidade de Turvo no Extremo Sul de Santa Catarina. Na região, o futebol amador é pujante e contamos com um clube tradicional como o Criciúma. Então, a minha primeira ida a um estádio de futebol foi no Heriberto Hulse ainda criança e se repetiu ao longo dos anos. Na primeira experiência profissional como jornalista, eu acabei cobrindo o Criciúma e o futebol amador da minha região. Então, eu acompanho e cubro o futebol catarinense há anos e fico sempre na torcida para que continue se fortalecendo no masculino e feminino, passando por base, amador e profissional.

SC - Você já escrevia crônicas ou outros gêneros textuais de forma regular ou decidiu se aventurar no torneio?

Cristina: Eu sempre gostei muito de escrever e esse foi um dos motivos que me fizeram optar pelo curso de jornalismo. E hoje, sigo escrevendo como ocupação profissional. Mas, a crônica é um estilo textual que me interessa muito por oferecer mais liberdade do que uma matéria jornalística tradicional. É um estilo que me deixa muito à vontade e ao descobrir o concurso decidi unir essas duas paixões: escrever e futebol.

SC - Porque a escolha do tema para sua crônica?

Cristina: Eu achei que teríamos diversos e ótimos textos sobre o futebol masculino, mas poucos sobre o futebol de mulheres que estava em voga devido ao anúncio da sede da próxima Copa do Mundo. Além disso, há a coincidência de SC ter atualmente dois clubes na elite do futebol nacional (masculino e feminino) com participação na Libertadores: Criciúma e Avaí / Kindermann. Enfim, eu optei por um assunto que sou apaixonada em um momento de celebração do nosso futebol catarinense. E gostaria de parabenizar os idealizadores do concurso e agradecer a oportunidade!

Jornalista Cristina Dominghini Possamai, Natural de Turvo (SC), nesta foto montagem onde Moisés Spillere, Presidente do Caravaggio - representando-a, recebe seu certificado das mãos de Valter Minotto, Vice Presidente Financeiro do Criciuma Esporte Clube.

Crônica: O centenário do futebol catarinense em meio a revolução do futebol feminino no Brasil

A história oficial do futebol catarinense iniciou em 1924 sob o nome de Liga Santa Catharina de Desportos Terrestres. No período, a entidade realizava competições além do futebol, que começava a se popularizar ainda em caráter amador. A Federação Catarinense de Futebol surgiria apenas em 1951, uma década depois da exclusão das mulheres dos gramados.
O veto ao futebol feminino ocorreu em 1941 a partir de um decreto tirando das brasileiras o direito de praticar esportes "incompatíveis com as condições de sua natureza". A proibição durou 40 anos na pátria de chuteiras, cuja seleção masculina já havia se consagrado como tricampeã mundial e revelado um rei para o esporte. Apenas em 1983, o futebol foi considerado aceitável para mulheres, enquanto a Fifa começava aceitar a prática.
Neste ano, o Brasil luta para sediar a primeira Copa do Mundo Feminina após receber o Mundial masculino em duas ocasiões, ao mesmo tempo em que Santa Catarina conta com representantes na elite nacional nos dois naipes: Criciúma e Avaí/Kindermann. Dois times que compartilham o orgulho de terem representando o futebol estadual – assim como a Chapecoense – na principal competição de clubes do continente, a Libertadores.
Se o futebol avançou de forma desigual no Brasil, cabe ao presente equilibrar esse cenário. Não basta permitir que as catarinenses ocupem os gramados, transformador é permitir que meninas e mulheres joguem e se vejam jogando da base ao profissional, como os homens no democrático Catarinense 2024 com transmissão aberta. Deixar ela jogar é o primeiro passo, mostrar elas jogando é revolucionário. Afinal, o exemplo arrasta!

Foto: Fabiano Rateke


Notícia enviada por: SCPress em 24/06/2024